Modern Times do bom e velho Dylan. Putz, eu costumo chamar o cara de chatinho por causa daquela voz que sai pelo nariz que ele tem, e em 98 cheguei a ir a um show dele junto com os Rolling Stones lá na Apoteose. Naquela época eu não gostava nem de um nem do outro, e fui somente porque não tinha nada para fazer em casa. Partimos eu e Romulo para a porta do show somente com os vale transporte para voltar para a casa e uns trocados para tomar uma cerveja. Chegando lá deu a maior vontade de entrar e o Romulo, um dos seres mais caras de pau do planeta, tentou entrar pela entrada dos credenciados dando uma carteirada de monitor do MAM no segurança, que só não deu um mocão nele porque queria muito tomar um "café". Pois bem, coçamos os bolsos e tiramos uns R$8,00 que tinhamos e conseguimos entrar a ponto de assistir like a Rolling Stone e todo o show dos Stones. Na época eu não curtia o som dos caras por achar coisa de velho; hoje em dia penso em como é bom ficar mais velho para determinadas coisas. Logo passei a gostar do som dos Stones, mas continuei com algumas ressalvas para ouvir o chatinho, até me deparar com o último disco do cara. Modern Times, um album realmente honesto, gravado todo analógicamente e com a banda tocando no estúdio, sem aquele lance de cada um gravar seu instrumento e sair fora deixando tudo para alguém mixar. Som de qualidade, com aquela voz, que antes saia pelo nariz, agora soando com uma imponência impar e taciturna de alguém que tem muitos anos de estrada e sabe realmente o que está fazendo. Um som que me lembra as vezes o Johnny Cash. "Thunder on the Mountain" e "Beyond the Horizon" são faixas realmente sensassionais. Um album que vale a pena ser ouvido na íntegra sem aquela coisa de catar uma musiquinha só em mp3 para dizer que conheceu o trabalho.
